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E naquela noite eles decidiram vagar pelo mundo.
E saíram. Sem destino. Sem rumo. Praticamente mudos.
Eram homens, mulheres, monstros, amigos.
Vagaram por dias e dias.
E então, quando o planeta completou sua terceira volta ao redor do sol, dois deles se encontraram. Eram apenas garotos. Mas isso era algo tão sem importância que ninguém sequer notou.
Ficaram frente a frente, durante mais de duas horas.
Se olharam numa emoção jamais vivida antes. E se tocaram. Se despiram. E se abraçaram.
Quando o brilho do olhar deles se encontrou, eles se beijaram.
Lábios com lábios.
E nesse momento o céu rasgou-se de uma extremidade a outra do planeta e uma infinita faixa colorida pôde ser vista. Havia nela sete cores.
E a multidão que ali estava, a nomeou de arco-íris.

O beijo continuava, os afetos aumentavam e a multidão sentiu-se envolvida.
Num lapso de tempo, elas também se beijaram. Todas elas. E eles não resistiram.
Para cada beijo dado, uma das cores do agora arco-íris ganhava mais brilho.
E o céu ficou tão repleto de vida, que o sol que já brilhava ficou inibido.

E choveu.

Mas o sabor dos lábios alheios era tão bom que ninguém notou que a agua caía. E durante 27 minutos eles mantiveram os olhos fechados e os lábios grudados. Viveram um desejo intenso jamais compreendido.
Quando todos abriram os olhos, perceberam os corpos molhados. Mas a chuva já tinha parado, e o sol, voltado a brilhar. E pensaram que os beijos foram tão calorosos que, de inveja, o chão ficou suado, e o sol, tentando acalmá-lo, mostrou a ele as cores do arco-íris, e então ele pôs-se a secar.
E a multidão espalhou-se, em pares, e foram aos mais diversos lugares onde puderam chegar.
Alguns, se perderam no caminho, o que fez com que seus companheiros seguissem sozinhos, esperando a hora certa de se reencontrarem.

Depois disso, onde quer que estivessem, toda vez que chovia, e o sol tornava a brilhar, o céu dava de presente à eles as cores do arco-íris. E mesmo que não se recordassem do encontro que viveram, aquelas sete cores eram capazes de fazê-los sorrir, e sem qualquer motivo ou razão, como um instinto natural, aflorava um desejo. O desejo de amar.

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